Na rubrica “Um mês, uma emoção” partilharei testemunhos, textos e poemas de quem as sente. Este mês escolhi a DÚVIDA, uma emoção por vezes esquecida, mas por todos sentida. Aqui fica um testemunho anónimo:
“Tenho aquela dúvida, a dúvida de quem não pode duvidar, de quem não deve, de quem não tem tempo para isso. A dúvida ocupa demasiado tempo, demasiado entusiasmo e energia…
Tenho que estar lá a 100%, ora é para a escola, ora para os amigos e agora, até para a família. Mas a dúvida, essa, continua a existir e a persistir, gosta de dizer que está presente, não vá levar falta no livro de ponto. Por vezes ela tira férias, passa uns feriados ou outros lá para o Alentejo mas quando volta vem repleta de dúvida. Dúvida de quê? Na realidade nem sem bem, acho que e a dúvida de duvidar, de perder, de não chegar, de não ser boa o suficiente…a dúvida de ser substituível. Como é minha digo ser ridícula mas se de outro fosse diria: não critiques os teus sentimentos/emoções, eles são genuínos e é isso que importa. Não são só tretas, eu acredito mesmo que é verdade mas se isso se aplicar a mim então tenho a DÚVIDA que isso não me permita tornar boa o suficiente, aquele suficiente que só chega cheio, só chega quando é o melhor dos melhores. Gostava de duvidar menos, a dúvida de duvidar dá cabo de tudo: – Primeiro vem a auto-estima (…) que auto-estima? Aquela que a dúvida engoliu de uma só vez? – Depois vêm os amigos e as coisas em público, sem a auto estima já não somos grande coisa e as amizades refletem, refletem aquela dúvida estúpida que deixa um rasto de destruição maciça. E mais tarde – algum, mas não muito tempo mais tarde – vem a família, ela até pode estar sempre lá para ti mas a verdade é que ela repara e também não acha muita piada. Toda a gente gosta de pessoas fortes, e se a dúvida não te permite isso, na verdade a dúvida só te permite duvidar de ti, dos outros. Não percebo como, nem sei porquê mas te garanto que se não venceres a dúvida será ela a vencer-te a ti. Luta e faz a dúvida duvidar de si.”
Autor: anónimo