As nossas televisões estão muitas vezes preenchidas com imagens violentas, e mesmo quando em silêncio, as crianças podem ser prejudicadas por verem apenas a imagem em si.
Se por um lado temos variadíssimos estudos que me ajudam e apoiam nesta temática, enfatizando o prejuízo da estimulação prolongada de aparelhos electrónicos nas crianças, o objectivo principal deste artigo é enfatizar para os danos emocionais das imagens violentas. Todos os dias os nossos serviços informativos estão repletos de desastres, terrorismo, tiroteios, assaltos… Tudo informação que irá contribuir para o aumento da ansiedade das crianças que não compreendem a realidade que lhes surge nestas imagens, nem conseguem lidar com os medos que advêm das mesmas.
Na verdade, todas as crianças estão expostas a imagens e situações que poderão naturalmente despoletar medos e ansiedades no seu dia-a-dia. O atraso da mãe que naquele dia demora a chegar à escola; o pai que foi viajar e tem que andar de avião por cima de um Oceano; o familiar que sofreu um acidente de automóvel; ou mesmo o colega preferido que ficou em casa com uma doença que desconhece – tudo isto são já situações assustadoras para a maioria das crianças. Além destas situações mais próximas, há também aquelas que mesmo sem se verem imagens, são faladas na escola, por serem tão importantes e dramáticas.
As crianças começam por generalizar os acontecimentos para o seu próprio contexto, particularizando ao máximo as situações para as pessoas de quem mais gostam e que mais receiam perder. É de facto assustador e angustiante ouvir os medos de uma criança que imagina que o inimaginável pode acontecer aos seus pais e a si própria. É nos sonhos que estes medos começam muitas vezes a ficar mais reais, tornando-se por vezes medos bem sérios que despoletam comportamentos mais ansiosos naqueles que são mais frágeis.
Assim, deixo algumas dicas para ajudar a apoiar as crianças quando estas questões surgem:
– Evitar a exposição de imagens violentas e traumáticas a crianças.
– Cuide de si enquanto cuidador, para que esteja calmo e disponível para apoiar os seus.
– Quanto mais pequena a criança mais carinho e afecto físico necessitará para ultrapassar estes medos.
– Para todas as idades as rotinas são essenciais – transmitem segurança desde a mais tenra idade.
– Permita a expressão das emoções das crianças, mesmo quando surgem inesperadamente. Não julgue os medos, as ansiedades ou a vergonha de se sentirem assim. Apoie com segurança, reforçando que estará sempre disponível para ouvir e apoiar.
– Descubra o que a criança sabe sobre o assunto que a preocupa, pois por vezes têm informações erradas. Depois clarifique o que for necessário, respondendo também às questões da criança. Dizer que “por vezes acontecem coisas más” ou que “por vezes as pessoas fazem coisas erradas” é sempre uma opção. Depois assegure-se que transmite que fará sempre tudo para a criança estar protegida, mesmo quando não está por perto.
– Incentivar as crianças a ajudar nas situações de crise, também é uma excelente forma das crianças perceberem que existem muitas fontes de ajuda para além das mais próximas e óbvias. Faz com que a criança empatize com quem mais precisa num momento difícil. Ensinar o nosso cérebro a ajudar a cuidar dos outros é uma das ferramentas mais importantes para aprender estratégias de auto-ajuda.
Lúcia Bragança Paulino