“Ser mãe/pai é por vezes confuso. Existirão momentos em que não saberá verdadeiramente. Deverá exercer a sua autoridade ou dar um passo atrás? Deverá dar um conselho ou permanecer em silêncio? Deverá oferecer ajuda ou permitir que seja feito um erro? Quando não consegue ver o que está a acontecer, relaxe e olhe gentilmente com o seu olhar interno.”
Vimala McClure em The Tao of Motherhood
Há umas semanas escrevi sobre a importância de aceitarmos os filhos como eles são, com as suas características especiais e únicas. Hoje gostava de reflectir como também são únicas as características de uma mãe e de um pai.
A parentalidade é uma “ciência” extremamente difícil de compreender, principalmente por quem nunca passou por ela. Vive de factores como a universalidade, transculturalidade, o número de filhos, a idade dos pais, a rede de apoio social/familiar e tantos outros factores. É sem dúvida fantástico observar como é possível ser tão mãe e pai aqui em Portugal, como na China, no Zimbabwe, na Suécia, ou ainda tão mãe e pai com 1 filho ou com 6… e sempre mantendo os mesmos papéis – os de mãe e pai. De resto, a forma como cada um interpreta este papel é sem dúvida única.
Quando falamos de diferentes culturas podemos verificar que em Inglaterra as crianças vão para a cama perto das 19h, já no México as crianças deitam-se entre as 20h e as 21h, o que no fundo é mais semelhante ao praticado pelos pais Portugueses. Na alimentação também há várias diferenças entre diferentes culturas. Se nuns países se segue à risca uma lista de alimentos, a sua quantidade e qualidade a dar aos bebés e crianças, já noutros os pais introduzem alimentos que seriam estranhos e “proibidos” para crianças Portuguesas. E ainda se nuns países é permitido a criança deixar comida no prato, noutros é considerado uma ofensa aos pais deixar comida ou rejeitá-la.
A universalidade da “ciência” da parentalidade, pressupõe também a singularidade de como cada um a vive. A adaptação à própria cultura e à situação familiar, traduz-se num estilo próprio – o SEU.
Com esta reflexão proponho que pense em que aspectos é singular a sua prática enquanto mãe ou pai? Quais são as suas características que o distinguem do seu companheiro(a), e quais as que mais valoriza? É importante sentir-se competente na sua capacidade para lidar com os desafios da parentalidade, e para isso é fundamental que reflicta um pouco sobre este papel que ocupa um lugar tão especial na sua vida.
E não menos importante, proponho também que pense no que pode acrescentar ao seu estilo parental. Será que seria bom brincarem mais? Ser mais assertivo? Ter mais tempo de qualidade para si para dar mais qualidade aos momentos com os filhos? Deixá-los comer no sofá? Estar mais disponível para os ouvir? Ter mais regras? Ou elogiá-lo mais e criticá-lo menos?
O estilo pode ser pessoal e intransmissível, mas podemos sempre olhar para as nossas práticas e observar de que forma podemos ainda ser melhores pais.
Lúcia Bragança Paulino