Mãe, aceita-me como eu sou…

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A procura de uma identidade nos jovens é muitas vezes vista pelos pais como um capricho, o seguir de uma moda, ou uma forma de se integrar no grupo. Por vezes é um pouco de cada uma destas coisas, mas torna-se assustador para os pais quando os jovens mudam completamente a sua imagem, deteriorando a ideia que os pais criaram mentalmente dos seus filhos.

Factores como o vestuário, o estilo de música, os gostos literários, e até a forma de falar, entram muitas vezes em choque dentro da família. E ainda a rapidez com que estes processos de mudança acontecem é também ela assustadora, levando os pais a uma sensação de perda de controlo de um momento para o outro. Não é fácil…

Nestas situações procurar aceitar os jovens por aquilo que são e não por aquilo que vestem, ouvem ou lêem é uma boa forma de transmitir que se aceita esta procura de identidade. Também não é fácil para os jovens tentar descobrir qual o formato em que se sentem melhor, nem qual a imagem que querem criar para o exterior, quando o seu interior está ao rubro com a típica desorganização adolescente.

Aceitação significa ver as coisas tal como elas são no presente. No entanto, aquilo que parece uma tarefa simples é na verdade difícil quando automaticamente julgamos aquilo que vemos. É realmente um processo automático, mas que podemos tentar tornar mais consciente e até colocar um travão sempre que possível. Ao julgarmos algo positivamente fazemo-lo porque esse algo nos faz sentir bem, e ao julgarmos negativamente fazemo-lo porque nos faz sentir mal. É uma defesa que usamos e que nos impede de ver a verdadeira essência de tanta coisa.

No caso dos adolescentes que procuram a sua identidade mudando constantemente de imagem, sugiro que os pais não gastem tanta energia negando e resistindo a essa mudança. Um corte de cabelo mais radical, um estilo mais desleixado, uma música mais “gritante”, fazem parte desta busca. Ao forçar que o estilo seja o que idealizámos só estamos a provocar mais tensão.

Aceitar não significa no entanto que temos de gostar de tudo ou que tenhamos que tomar atitudes passivas. Não falo aqui de mudança de valores ou gostos pessoais. Falo sim de disponibilidade para ver as coisas tal como elas são, e em particular os filhos.

Gastamos tanta energia a julgar, a negar e a resistir no nosso dia-a-dia, que perdemos óptimas oportunidades para crescer e fazer crescer os nossos jovens.

 

Lúcia Bragança Paulino

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