Imagine-se privado de espaço para andar, não podendo gastar a energia mais básica que está habituado a gastar.
Imagine que de um dia para o outro todas as regras a que está habituado mudassem.
Imagine que de repente começassem a ser mais exigentes com o seu comportamento e com tudo aquilo que faz ao longo de 24h/dia.
Imagine que não compreendia o porquê da mudança de rotinas e de regras (vestir roupa se não vai sair de casa, comer a horas certas se não há compromissos, fazer a cama se não tem visitas, etc.).
Imagine que todas as pessoas à sua volta estivessem ansiosas, tensas, cansadas e frustradas com qualquer coisa.
Imagine que uma catástrofe mundial acontecia e que era tão complexa e tão difícil de entender, que não permitia que compreendesse exatamente o que estava a acontecer.
Como é que se sentiria?
Aos olhos de uma criança, a situação da Pandemia atual é de extrema complexidade. Mesmo para uma criança com 10/11 anos que já tem acesso a bastante informação, todo este panorama é bastante confuso e estranho. Para além disso, não basta todos os adultos estarem com comportamentos e emoções alteradas, pior ainda é não poder correr, não poder ir ao jardim, não poder jogar à bola, não poder ir ao parque, não poder brincar e conversar com os amigos. É muito mas mesmo muito difícil.
Agora as crianças frustram-se mais, cansam-se da rotina, zangam-se, preocupam-se, choram com saudade de tudo aquilo que estão privados. Os pais, simplesmente terão de tentar colocar-se no lugar da criança, que não sabe o que é um vírus, não sabe o que é ser altamente transmissível, e não sabe o que quer dizer pandemia.
O facto de estarem todos juntos é um valor imensurável. Aproveitem para ter muito daquilo que no nosso dia-a-dia sem Pandemia, não temos tempo para usufruir: os mimos, os abraços, os jogos, as aventuras, o apoio! FORÇA!!
Pandemia (do grego pan = tudo/todos + demos = povo)
Lúcia Bragança Paulino